Engenharia da Qualidade: principais atribuições e  normas 

Em um mercado de competição crescente, as empresas passam a dar cada vez mais importância à excelência na entrega de seus produtos e serviços. Por causa disso, o setor da Engenharia da Qualidade se torna um dos pilares do sucesso de qualquer instituição que busca se destacar em meio às vastas exigências de consumidores.

Além de garantir o desempenho pleno e otimizado dos serviços, esta área também procura constantemente aumentar a satisfação dos clientes, reduzir custos e elevar a eficiência operacional.

Tais atributos, que serão abordados com detalhes neste artigo, configuram a versatilidade de um Engenheiro de Qualidade e fazem com que este profissional esteja sob alta demanda nas empresas.

Quais as funções designadas à Qualidade?

Com a ajuda de ferramentas computacionais, qualitativas e analíticas, os responsáveis pela qualidade ajudam as empresas a identificar e resolver diferentes problemas e dificuldades.

Para melhor compreensão desta área, listamos detalhadamente as quatro principais funções de um Engenheiro de Qualidade:

Desenvolvimento de planos de controle de qualidade

O Engenheiro da Qualidade é responsável por desenvolver e implementar planos de controle de qualidade para os produtos ou serviços da empresa. Dessa forma, esses planos estabelecem os requisitos de qualidade, identificam as etapas do processo de produção que precisam ser controladas e definem os métodos de monitoramento e medição de desempenho.

Monitoramento de processos

Os responsáveis utilizam técnicas como o Controle Estatístico de Processos (CEP) para coletar, monitorar e analisar dados em tempo real, garantindo o funcionamento da cadeia produtiva dentro dos padrões de qualidade estabelecidos.

Solução de problemas de qualidade

O profissional é responsável por identificar e solucionar problemas de qualidade. Logo, ele utiliza técnicas como a análise de causa e efeito e o FMEA (Análise de Modos e Efeitos de Falhas) para reconhecer as raízes e sintomas dos problemas e então desenvolver soluções corretivas e preventivas.

Responsabilidade legal

Os profissionais da Engenharia da Qualidade também têm responsabilidades burocráticas importantes. Eles devem garantir que os produtos e serviços atendam aos requisitos de qualidade estabelecidos pelas normas e regulamentos aplicáveis, assim também como devem assegurar que os processos de produção e fornecimento sejam seguros e confiáveis dentro das demandas legais. 

Ferramentas de Controle da Qualidade

Dentre todas essas atribuições, o Controle Estatístico de Processos, a Análises de Modos e Efeitos de Falhas e a Responsabilidade Legal configuram as principais áreas de atuação do engenheiro, as quais serão tratadas com maior importância, considerando seus impactos nas cadeias produtivas e na prestação de serviços.

Continue lendo este artigo para entender como funcionam as ferramentas usadas e aplicadas em algumas atribuições.

O que é Controle Estatístico de Processos (CEP)?

O engenheiro utiliza o Controle Estatístico de Processos (CEP) como uma técnica para monitorar a qualidade de um processo de produção e garantir que ele esteja operando dentro de limites aceitáveis. O CEP utiliza a análise estatística dos dados coletados durante o processo para determinar se está sob controle.

O CEP é uma ferramenta poderosa para garantir a qualidade do processo e reduzir a variação nos produtos ou serviços produzidos. Ele permite que as empresas monitorem seus processos em tempo real e tomem ações imediatas para corrigir adversidades antes que causem problemas significativos na qualidade do produto ou serviço.

Na prática, esse recurso pode ser dividido em três passos: 

1.Coleta de dados

Nessa etapa, coleta-se os dados de qualidade do processo, geralmente por meio de inspeções ou medições. Esses dados são representados por gráficos de controle, que são criados com base em fórmulas estatísticas que permitem avaliar a variação dos dados coletados.

2.Análise de dados

Em seguida, o engenheiro realiza uma análise de dados para determinar se o processo está dentro ou fora de controle. Isso é feito comparando a variação dos dados com limites de controle estabelecidos. Estes, por sua vez, são calculados com base nos dados históricos do processo. Eles determinam a faixa em que as informações devem variar para indicar que o processo está sob controle. Se os dados estiverem fora dos limites de controle, é necessário tomar ação corretiva.

 3.Ação corretiva

Se o processo está fora de controle, parte-se para as ações corretivas, que podem incluir mudanças no processo, treinamento dos funcionários ou inspeção adicional dos produtos. Assim, o processo é monitorado novamente para determinar se as mudanças foram eficazes em trazer o processo de volta para controle.

FMEA: conheça a técnica que corrige erros antes de acontecerem

Análise de Modos e Efeitos de Falhas (FMEA, do inglês Failure Mode and Effects Analysis) é uma técnica utilizada para identificar e avaliar as possíveis falhas que podem ocorrer em um processo ou sistema, determinar suas causas e efeitos e propor ações corretivas para prevenir ou mitigá-las.

Em suma, a Análise de Modos e Efeitos de Falhas é uma ferramenta importante da Engenharia da Qualidade para a prevenção de problemas e a melhoria contínua dos processos. Isso permite que as empresas identifiquem e corrijam possíveis falhas antes que elas ocorram, melhorando a qualidade dos produtos ou serviços e garantindo a satisfação do cliente.

O processo de FMEA envolve a criação de uma equipe multidisciplinar que inclui especialistas em design, engenheiros de produção, especialistas em qualidade e outros profissionais relevantes.

Essa equipe trabalha em conjunto para identificar os modos de falha que podem ocorrer em um sistema ou processo, e os efeitos dessas falhas.

Em seguida, a equipe avalia a probabilidade de cada modo de falha ocorrer e a gravidade de seus efeitos, usando escalas de pontuação predefinidas.

Enfim, com base nessas avaliações, a equipe prioriza as falhas mais críticas e desenvolve ações corretivas para prevenir ou mitigar essas falhas.

Para fins didáticos, também pode-se dividir o FMEA em três etapas:

 1. Planejamento

Nesta fase, a equipe define o escopo do FMEA, identifica os membros e os recursos necessários, e estabelece um cronograma para a execução do projeto.

 2. Análise

Aqui, a equipe realiza a análise de modos e efeitos de falhas, identificando os modos de falha possíveis, suas causas e seus efeitos. A equipe também determina a probabilidade de cada modo de falha ocorrer e a gravidade de seus efeitos.

 3. Ações corretivas

Por fim, a equipe desenvolve um plano de ação para prevenir ou mitigar as falhas mais críticas identificadas durante a análise. As ações corretivas podem incluir a modificação do processo, o uso de controles de qualidade adicionais, a melhoria do treinamento dos funcionários, entre outras medidas. 

Normas técnicas e responsabilidades legais

Dentre as abrangentes atuações do Engenheiro da Qualidade, uma das que mais se destaca, e talvez a mais importante, é a obrigação legal e normativa.

As normas estabelecem requisitos que ajudam as empresas a alcançar a qualidade e eficácia desejadas, enquanto as responsabilidades legais determinam as obrigações legais que as empresas e os profissionais devem cumprir.

Listamos quatro das principais normas a serem seguidas por empresas de inúmeros setores:

ABNT NBR ISO 9001

Esta é a norma que estabelece os requisitos para um sistema de gestão da qualidade. É uma das normas mais importantes para a Engenharia da Qualidade, pois fornece uma estrutura para garantir que os processos de produção e fornecimento sejam eficazes e eficientes.

ABNT NBR ISO/IEC 17025

Determina as condições para laboratórios de calibração e ensaios. Ela garante a aptidão à realização de testes e ensaios confiáveis e precisos.

ABNT NBR ISO 14001

Estabelece as diretrizes para um sistema de gestão ambiental. Ela ajuda as empresas a identificar e gerenciar os impactos ambientais de suas atividades e processos de produção.

ABNT NBR ISO 45001

Define os encargos para um sistema de gestão de saúde e segurança ocupacional. Está relacionada à identificação e gerenciamento dos riscos no ambiente de trabalho.

Como se tornar um Engenheiro da Qualidade?

Para se tornar um Engenheiro da Qualidade, é necessário ter uma formação acadêmica em Engenharia, preferencialmente em uma área relacionada à produção e qualidade, como Engenharia de Produção, Elétrica, Mecânica, de Materiais e até Civil.

Algumas empresas podem exigir uma especialização em Engenharia da Qualidade, obtida por meio de pós-graduação lato sensu ou stricto sensu.

Além disso, é importante que o Engenheiro da Qualidade tenha conhecimentos em áreas como estatística, gestão de processos, gestão de projetos e sistemas de gestão da qualidade.

Por outro lado, habilidades como pensamento crítico, comunicação clara e objetiva, resolução de problemas e trabalho em equipe também são fundamentais.

Quanto ganha um Engenheiro da Qualidade?

Por ser uma área que exige uma série de experiências e conhecimentos, o salário é relativamente maior do que em comparação a outras engenharias.

De acordo com o Vagas, site especializado em carreiras e empregos, a média salarial no Brasil é de R$ 7,8 mil, variando entre R$ 6,3 mil a R$ 9,1 mil a depender do nível de experiência e das exigências de cada empresa.

Contudo, é fundamental que o Engenheiro da Qualidade esteja sempre atualizado sobre as tendências e inovações na área, participando de eventos, palestras, seminários e cursos de atualização profissional.

Em síntese, hábitos como esses ajudarão a manter o conhecimento em dia e a desenvolver novas habilidades que são essenciais para uma carreira profissional de sucesso!

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